Ser empreendedor no Brasil não é uma tarefa fácil, para as mulheres, a atividade pode ser um pouco mais árdua. No mundo feminino, empreender é tão importante que possui uma data específica: 19 de novembro – conhecido como o Dia do Empreendedorismo Feminino.
De acordo com os dados do Global Entrepreneurship Monitor, em parceria com o Sebrae, cerca de 24 milhões de mulheres são donas do próprio negócio no Brasil. Alcançar essa posição não é um trabalho simples, mas é possível vencer os desafios e conquistar o próprio negócio. A advogada e mediadora Mirian Queiroz decidiu enfrentar as adversidades e fundou, em outubro de 2019, a Mediar Group – startup especializada em acordos.
“Acredito no empreendedorismo feminino, esse foi um dos motivos que me levaram a sair do meu antigo emprego e abrir meu próprio negócio. Estar à frente de uma empresa não é tão simples, fiquei surpresa ao saber que até a linha de crédito oferecida para o homem é diferente para a mulher”, lamenta.
Segundo o Sebrae, o empréstimo oferecido para profissionais do sexo feminino é R$ 13 mil a menos que a média liberada aos homens. Além disso, as taxas de juros para elas são maiores, em 3,5%, mesmo com o índice de inadimplência mais baixo. Os homens apresentam um indicador de 4,2% de inadimplência, já as mulheres registram 3,7%.
A necessidade, a vocação ou a dificuldade de encontrar uma posição no mercado, seja qual for o motivo, elas não ficam paradas e partem para a luta. Afinal, a maioria dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 35 milhões de mulheres são responsáveis financeiramente por suas casas. A pesquisa do Sebrae também revelou que a maioria das mulheres atuam no ramo da beleza, moda e alimentação.
“Acho válida a representatividade das mulheres nas diversas áreas, mas ainda temos outras opções de mercado que podem ser conquistadas. Podemos atuar no ramo da ciência, tecnologia, engenharia, no âmbito jurídico e tantas outras. Percebo que a cada ano o protagonismo feminino aumenta e isso me motiva a continuar o meu trabalho. Levanto a bandeira do empreendedorismo e da atuação da mulher em qualquer esfera. Afinal, a mulher pode atuar onde quiser”, afirma Mírian.
Atualmente, o quadro de funcionários da Mediar Group é composto por mais de 90% de profissionais do sexo feminino. “Não somos excludentes, mas acho muito importante a participação feminina no meu setor. Precisamos de iniciativas que fomentem a atuação da mulher em vários segmentos “, explica a advogada. Vale destacar que entre 49 países do mundo, o Brasil possui a sétima maior proporção de mulheres entre as “empreendedoras iniciais” – segundo o Sebrae.
Mirian revela que muitos obstáculos surgem durante a jornada. “Não enfrentamos apenas as desigualdades, conciliar a vida pessoal com o trabalho também é um desafio. A gente acaba pensando na família, na casa, por vezes, achamos que não vamos dar conta. A parte emocional acaba tendo um certo peso na hora empreender. Acho que deveriam existir mais políticas de incentivo ao empreendedorismo feminino “, finaliza a advogada.